Na minha cidade natal, eu era uma garota normal com pensamentos comuns, gostos comuns. Tudo mudou depois que me mudei, aquelas pessoas sempre iguais me fizeram querer ser diferente. No verão passado, eu aprendi num livro que a felicidade pode estar onde menos se procura. Seria fácil saber onde menos se procura; neste caso, resolvi comprar um diário; ainda não tenho amigos aqui, fiz do diário o meu melhor amigo, coloquei nas palavras mais simples todos os sentimentos que se pode imaginar; não sei de onde vem tanta inspiração, na verdade não me lembro muito bem o porquê de eu começar a escrever; sempre quis ser diferente, mas não era só isso, tinha um motivo maior e forte que me forçou a comprar esse diário, e então quando eu cheguei em casa, sentei na poltrona que tem no meu quarto, e o abri, comecei a folhear, depois voltei à primeira página, o dia estava entediante, e então comecei a escrever.
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Quando eu era pequena, costumava falar errado porque tenho a língua presa, e isso foi motivo para meus colegas de classe me zuarem e alguns vizinhos também; uma lembrança que eu tenho muito ruim nesse tempo, foi quando eu falei algo com meu colega mas não lembro ao certo o que foi, ele estava sentado ao meu lado, e foi aí que ele disse “quando você aprender a falar certo, você vem falar comigo”; não entendi o porquê de ele ter falado isso, mas essas palavras me machucaram de uma forma inexplicável; a única vontade que eu tinha era de sumir, desaparecer e nunca mais voltar. Mas essas palavras me perseguiram, se tornaram minha sombra, e foi aí que comecei a treinar o vocabulário de algumas palavras; todos os dias me olhava no espelho e repetia as mesmas palavras de sempre “eu vou mudar, eu tenho que conseguir, não posso permitir que ninguém me diga isso, não posso permitir que ninguém mais me faça sofrer assim”; com o tempo eu ia melhorando cada vez mais, já não falava mais nada errado, até que o tempo passou, e um dia, eu estava relembrando o passado com uma amiga minha, e resolvi compartilhar essa história, a turma era sempre a mesma desde a 5ª série, e ele estava sentado numa fileira atrás da minha ouvindo toda a conversa e resolveu se intrometer, perguntando se era verdade, e que ele não se lembrava, e eu apenas o respondi com um "sim"; mas como ele pôde não lembrar do que me fez, das palavras que usou, tais palavras que até hoje me perseguem, que me fizeram chorar desesperadamente, que me fizeram mudar e me tornar o que eu sou hoje?; e é por isso que eu agradeço a ele, aquelas palavras fizeram de mim uma pessoa forte, compreensiva, persistente e madura; não trato as pessoas de modo diferente uma das outras, não humilho ninguém por seus defeitos, não cito palavras ofensivas a ninguém, pois sei o que simples palavras são capazes de fazer e não quero que ninguém sinta a dor que eu senti; no entanto em que eu dei a volta por cima, fiz das lembranças negativas o meu ponto forte nessa jornada para continuar sempre sorrindo e nunca desistir dos meus sonhos, e sem precisar pisar em ninguém. E então foi aí que ele segurou minha mão, lamentando-se, e me pediu desculpas.
Querido diário, foi assim que eu descobri que o mundo realmente gira sem que seja preciso interferir; ele nunca para. E com o tempo aprendi que a pior vingança que se dá ao seu inimigo ou apenas a uma pessoa que te fez sofrer, é tratá-lo bem e no final você se sentirá aliviada, com uma certeza; certeza esta de não querer volta atrás, certeza de não estar arrependida, e certeza de que tudo tem seu tempo. Pois o mundo gira e lhe trás por natureza o que sempre foi seu, ou ao menos um pedido de desculpas. - Marilyn
Vaalew leticia, curti o seu tbm !
ResponderExcluirTô seguindo, volte sempre !
beijobeijo *-*